sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

UM AMOR QUE É TÃO PROFUNDO

Poema feito para o dia dos namorados de 2010
UM AMOR BEM PROFUNDO

Apesar de tanta idadade
E muitos desentendimentos
Continua a sinceridade
Como foi na mocidade
Ainda vive esses momentos

Teve algumas dificuldades
Nalgumas fazes vividas
Porque algumas contrariedades
Ofuscam as oportunidades
Passadas nas nossas vidas

As este amor que é tão leal
Embora com seus defeitos
Demonstrou não ter rival
É tão sincero e real
Que nos deixa satisfeitos

Não penso que haja melhor
Mas que igual tenha existido
Porque este grande amor
Que nasceu com tanto ardor
Em que nós temos vivido

É duradouro e persistente
E teima em não desistir
É vivido intensamente
Noite e dia é permanente
A tudo vai resistir

Quando o amor acontece
Redobram as emoções
O nosso não esmorece
Porque ainda permanece
Cá nos nossos corações

M. Franganito
Fevereiro/2010

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

NA UNIVERSIDADE SÉNIOR DE GRÂNDOLA

Com 95 anos, Vitalina é o grande exemplo para os outros 226 alunos
Vitalina tem 95 anos e é a aluna mais velha que a Universidade Sénior de Grândola (USG) já teve. Nunca pensou conseguir voltar a estudar, mas é hoje o maior exemplo de como se pode envelhecer com dignidade, longe da solidão e do isolamento a que a maior parte dos idosos está votada.
Sexta, 30/10/2009 - 15:41
«Eu não sou pessoa de ficar pelos cantos a falar com as paredes», «vou ao café e leio o jornal, que a gente tem de estar informada». Por isso, «aproveitei a sugestão de uma senhora que conhecia e que me falou da universidade sénior».
«Olhe, vim para cá no ano passado, gostei disto porque uma pessoa parece que fica ainda mais nova, e assim voltei este ano», vai argumentando Vitalina com os olhos brilhantes de emoção ao recordar o bem que a Universidade Sénior lhe tem feito.
«Sou viúva, não tenho filhos, e assim, quando termino as tarefas de casa, venho para as aulas que aqui é que estou bem», retorque, quando questionada sobre se a genica chega para tudo. «Dizem que tenho uma grande pedalada, olhe, isso não sei mas, pronto, lá que sou autónoma sou sim senhora».
Vitalina entrou na USG há dois anos, no arranque da instituição, e «já não quero outra coisa», divide o dia entre as aulas de ginástica «que me ajudam nos ossos e até já me sinto mais leve», as aulas de História do Património e a informática.
«Isto de uma pessoa estudar tem que se lhe diga, mas lá vou conseguindo», adianta, ao explicar o processo de aprendizagem em História. «Não é preciso estudar em casa. Eu faço assim: o professor fala, explica as coisas e eu tomo notas. Às vezes custa a entrar, mas lá vou conseguindo aprender as coisas».
A casa dos afectos
O maior desafio parecem ser as aulas de informática, não que as considere difíceis, mas porque tem de ser aos bocadinhos». De vez em quando tenho de parar, que aquilo provoca algumas dores de cabeça». Mas com perseverança, «a coisa vai lá», afirma com a convicção de quem chegou à quarta classe e «queria ser regente» (professora) mas não pode «porque os meus pais não tinham dinheiro para os livros».
Assim, casou e dedicou-se à costura. De um pedaço de tecido «talhava um bom corte, assente à medida do freguês». Ainda se lembra de levar sete escudos por umas calças, «e um casaco por 25 escudos». «Não dava para nada, mas ajudava». Do que gosta mesmo é de aprender, por isso andou sempre com os livros no pensamento.
«Estar aqui é uma boa forma de estarmos ocupados, conversamos e fazemos amigos. Desde que venho à universidade, sinto-me melhor, mais solta, mais viva». «As pessoas já conhecem a universidade e desconfio que se tivesse mais cursos e mais vagas, mais gente aqui vinha» remata, dirigindo um conselho a todos os que quiserem recebê-lo: «o que importa é não ficar parada e enfiada dentro de casa. Temos que nos mexer, fazer amizades e conhecer coisas novas porque ainda temos muito para aprender».
«Somos todos uma grande família»
A Universidade Sénior de Grândola foi criada há dois anos, pela Câmara, e ocupa um palacete antigo na rua António Inácio da Cruz, onde assistentes sociais, técnicos e professores voluntários trabalham diariamente para «promover a auto-estima» dos 227 alunos. Um objectivo conquistado no dia-a-dia, afirma a coordenadora da USG, Maria Lucília, para quem esta instituição tem sido uma mais valia no caminho da qualidade de vida dos idosos do concelho.
Uma grande família é como todos olham para a USG, que no dia 29 comemorou 2 anos. Fortalecer a participação social e contribuir para reforçar o exercício pleno dos seus direitos e deveres, desenvolver e fortalecer as relações interpessoais e sociais entre as diferentes gerações, são outros dos objectivos desta instituição.
As aulas abrangem áreas como a Informática, Inglês, Espanhol, Francês; História e Património Local, Danças de Salão, Alfabetização, Questões Ambientais, Cultura Geral, Matemática, Arraiolos, Pintura em Tela/Tecido, Artes Decorativas, Gerontomotricidade, Hidroginástica, Expressão Teatral, Poesia, Risoterapia, Bem Estar e Saúde, Património Oral, Psicologia, Aulas de Viola e Relações Internacionais.

REPORTAGEM

DE:Etelvina Baía